segunda-feira, 6 de junho de 2011

LATA VELHA - O Novo C-10 do Gaúcho

Todos os brasileiros, em especial os garopabenses, estavam ligados na tela da Rede Globo no último sábado para acompanhar a programação do Caldeirão do Huck. Uma figura conhecida na cidade, Olinto Ribeiro Garcia, o “Gaúcho do Espetinho”, 59 anos, foi escolhido pelo programa para participar do quadro Lata Velha.
   
Gaúcho é casado com Maria das Graças dos Passos, 51, há cerca de 16 anos, com quem tem um filho de 10, Gaspar Francisco Passos Garcia. Mas antes, Olinto já tinha Ana Cristina e Ana Patrícia Garcia, do primeiro casamento.
   
Eles vieram para Garopaba para visitar uma filha de Maria das Graças que já havia fixado residência na cidade. Segundo Graça, a beleza e a qualidade de vida os motivou a também vir para cá. “Foi amor a primeira vista, para mim mais ainda, porque eu queria vir para cá e incentivei bastante o Gaúcho”.
   
A busca pela simplicidade também influenciou na mudança para a Praia do Ouvidor, no limite sul do município, pois “só queríamos viver em paz com a natureza. Por isso optamos pelo espetinho. Começamos a nos empenhar pelo churrasquinho e o gaúcho com aquele tipo gaudério começou a ganhar a característica”, comenta Graça.
   
Saiam com a camionete C-10, onde carregavam os espetinhos, a churrasqueira e os acessórios, para onde iam vender: durante o dia, principalmente na temporada, na Praia do Ouvidor, e a noite na frente da loja Eletrolar, no Campo D’una. No início a dificuldade para vender os churrasquinhos foi grande, o casal confessa que precisaram de muita força para não desistir, “nós cansamos de ir com dez (espetinhos) e voltar com nove”.
   
Com muito amor e simpatia, a família foi ganhando a clientela e fazendo muitas amizades. Um se dedicando em um lado, o outro noutro e até o pequeno Gaspar ajuda, além dos “amigos fregueses”, que segundo Gaúcho também colocam a mão na massa na hora do corre-corre.
   
Foi esta modesta história, muito mais detalhada, contada a Produção do Programa Global. O que chamou atenção, obviamente, foi a paixão pela camionete modelo C-10, grande colaboradora na venda dos churrasquinhos.
   
Ela estava praticamente sem fundo, com a lataria enferrujada, uma verdadeira lata velha. Para receber o carro, Gaúcho deveria incorporar o cantos Sidney Magal, dançando e cantando conforme o artista.
   
As primeiras cartas foram encaminhadas ao Lata Velha há cinco anos, mas, segundo o casal, há três começou uma forte campanha. As duzentas folhas de um caderno foram carregadas com palavras da esposa, Graça, segundo ela com “muitas lágrimas de sangue, sofrimento... No fim, terminou o caderno e a história não (risos)”.

- “Muitos artistas passaram por ali, mas foi a quantidade de solicitação que fez o Luciano escolher. Foram muitas cartas, filmes, e e-mails. Então se faz muita amizade, de fé mesmo. E não só do país, vem gente de todas as partes do mundo”, fala emocionada a esposa.
   
Olinto passou 16 dias no Rio de Janeiro, com todas as despesas pagas pela produção do Caldeirão do Huck. Neste período ensaiou a canção e dança, conforme exigido no quadro. “O atendimento que eles tiveram conosco foi excelente. Parecia que nós éramos os artistas. Quando o Gaúcho estava lá sozinho, eles me ligavam para saber como eu estava”.
   
Uma desconfiança quanto a possibilidade que poderia ser a gravação do Lata Velha ao invés do Programa da Dona Palmirinha existia para Gaúcho e Graça. “Quando passava um avião, brincávamos: é o Luciano”, mas, ao chegar lá e ver tudo espetacularizado, acabaram acreditando que realmente era apenas a participação.
   
Desconsolada, Graça conversou com a filha de Dona Palmirinha, que estava no local, pedindo apoio no Quadro e “ela disse para eu falar com o produtor, no final da gravação”.

- “Quando ele apareceu com a fotografia vimos que era o Luciano. Daí já vieram com a câmera pra cima de mim... Quando ele puxou o capuz, daí eu desandei. Não sabia nem dizer que ele era lindo. O que ele faz não é pelo serviço, é com amor e ele demonstra, é porque ele quer ver a pessoa feliz, sorrindo”, diz Graça.
   
Enquanto isso, em Garopaba, se o Espetinho do Gaúcho já era famoso, ficou muito mais. “Antes vendíamos em torno de 70 espetinhos, depois foi o triplo”, disse Graça; “tudo é comprado e feito no dia”, acrescentou.

A vida da família “Gaúcho” mudou completamente após a participação no Lata Velha. Uma caravana com mais de quarenta pessoas os acompanhou na gravação, no Rio de Janeiro, entre eles amigos e fregueses. “É mais real do que se imagina a alegria que eles querem passar para o povo”, comenta Gaúcho.

Hoje eles continuam trabalhando próximo a Eletrolar, na comunidade de Campo D’una, de segunda-feira a sábado. Eles ficam lá das 18h até durar o estoque. Aos domingos é o dia do descanso e cuidado espiritual, “nós aproveitamos para agradecer esta benção”, diz o churrasqueiro. Justifica a ausência nesta sexta-feira, 03 de junho, porque precisou cuidar da beleza: ir ao dentista para caprichar no visual.


Matéria do Jornal da Praia Garopaba
Edição 171
Foto cedida pelo leitor Valter Martins Ricardo

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